terça-feira, 29 de julho de 2008

TORCER OU TEMER?

Outro dia, aqui no Blog, meu tio (o Suannes do Circus do Suannes, registrado nos blogs recomendados), me desafiou para um duelo porque eu disse que não gostei de Sin City, o filme. Explico: tenho TODOS os gibis do Sin City aqui e são maravilhosos. Grande leitura, linguagem primorosa e um belíssimo trabalho artístico em preto-e-branco. Quando Frank Miller (o autor) e Robert Rodrigues (o diretor) resolveram transpor para a tela exatamente igual ao quadrinho, eu acho que a coisa desandou. Isso porque as linguagens são diferentes. Você ler balõezinhos com o que o personagem pensa é divertido. Assistir duas horas de voice-over (quando você OUVE o que o personagem pensa) é muito cansativo. Pense bem, porque os X-Men tem uniformes coloridos nos gibis e preto nos filmes? Porque é ridículo vê-los de colant colorido em carne-e-osso. O gibi necessita de cores, de algo que os diferencie. A telona não. É só prestar atenção no uniforme do Superman nos filmes. Por Tutatis, o cara ainda usa cueca em cima da calça (dizem que é porque perdeu no braço-de-ferro para o Chuck Norris, mas isso é outra história)! Até agora, a maioria dos filmes de heróis tem sido mais pé no chão e levado uma realidade fantasiosa em consideração. E no ano que vem, teremos mais um filme que promete surpreender para o bem ou para o mal. E aqui começa o post:

Em 1985, a DC Comics pretendia fazer uma mini-série com personagens da então extinta e adquirida Charlton Comics (que possuía o Besouro Azul - este uma cópia do Batman, o Questão, o Pacificador, o Capitão Átomo, entre outros). Chamou um rapaz louco, neurótico e genial chamado Alan Moore (o barbudo ao lado) para escrevê-la, mas Moore veio com uma história apocalíptica, num EUA alternativo onde Nixon ainda era presidente e a Guerra Fria continuava à toda, quase à beira da catástrofe atômica. A história era boa demais, mas a DC tinha planos para aqueles velhos personagens, então deram sinal verde para uma série, mas com personagens inéditos. E eis que surgem os Watchmen (Vigilantes, em inglês).

Violento e realista, Watchmen é considerada a melhor série de quadrinhos já publicadas até hoje e redefiniu os rumos desta arte, consagrando seu autor e o desenhista (o simpátivo Dave Gibbons). Imagine um mundo onde pessoas se vestem de uniformes (sem poderes) e saem às ruas para fazer justiça, desde os anos 40. Na década de 60 surge um super-herói, em um acidente num laboratório (o Dr. Manhattan, o cara azul que você verá em breve). Com ele, os EUA ganham a guerra do Vietnã e Nixon se mantém no poder. Os anos 70, porém reserva uma surpresa, o Congresso vota uma lei que proíbe o vigilantismo (o povo protestava contra os mascarados, pixando Who watches the Watchmen? - quem vigia os vigilantes - nas paredes). Os anos passam e esses heróis, já aposentados, começam a ser mortos (os caras da Pixar beberam dessa fonte em Os Incríveis), mas havia algo muito maior por trás. E o mais renegado dos heróis, Rorshach - um mascarado paranóico, começa a investigar.

A mini-série em quadrinhos teve 12 capítulos. Disputei quase à tapa, o último exemplar com um amigo, porque a banca de jornal onde estávamos (em Ubatuba) só tinha um. E já li e reli mais de 15 vezes.

Obviamente que uma idéia assim, deveria virar filme. Começou com um projeto de Terry Gillian (ex-Monty Python, diretor de Brazil, o Filme; O Pescador de Ilusões, 12 Macacos etc.), mas este considerou o enredo tão complexo que sugeriu transformá-lo em uma série de TV de 5 horas de duração. Foi gongado. Passou na mão de mais alguns diretores e finalmente foi dado a Zack Snyder que fez, brilhantemente, outra adaptação de gibi: 300 de Esparta. O filme sai no ano que vem. Ontem consegui o trailer e fiquei impressionado e assustado. Um site de nerds o considerou um felatio for the eyes. Para quem já leu a série, as cenas mostradas são perfeitas (e, na minha opinião, o trailer parece ter sido feito para calar a boca dos nerds fanáticos). Aproveitei para escanear alguns quadrinhos para que você possa comparar ao trailer e entender o que estou falando..

Só que me dá um pouco de medo. Watchmen é complexo mesmo. Tem muitos flashbacks, muitas histórias paralelas e o gibi trazia reportagens de jornais e revistas com os personagens, fichas psicológicas, trechos de livros que algum personagem escreveu e assim por diante. Era quase um documentário. Além disso, cortando todo o enredo, havia um quadrinho dentro do quadrinho (pura metalinguagem). Um moleque lia um gibi chamado Contos do Cargueiro Negro e você lia essa história enquanto via o que acontecia com os heróis. Snyder já disse que isso não vai aparecer no filme e sim na versão para o DVD. Enfim, poderá ser uma grande obra ou uma grande decepção. Vale ressaltar que Alan Moore não permite que NADA do que ele escreve seja filmado (especialmente depois de detonarem a Liga Extraordinária), mas como os direitos não são dele e sim da DC (do grupo Warner) o filme está sendo feito. Ele já disse que nunca vai assistir, nem dar apoio ao lançamento. Dave Gibbons, porém participou dos desenhos de produção. Assim, enquanto março de 2009 não vem, fiquemos com o trailer.

O cartaz do filme versus a capa do primeiro número:


Algumas coisas que você vai ver no trailer (na ordem que aparecem):



E finalmente, o trailer:

2 comentários:

Marcelo Tadeu disse...

Realmente levar a arte de sucesso para as telonas é um trabalho árduo e, como vc bem disse, pode levar para o bem ou para o mal.
Também não gostei de Sin City... Watchmen, no trailer, parece ser bom, mas é esperar para ver...

Anônimo disse...

Virou cult. Apesar disso, nunca cheguei a terminar de ler um capítulo... achava a história um tanto confusa, e o visual pesado. Os efeitos especiais parecem muito bons no trailer, agora, compreender o enredo vai ser outros "300"...
Johnny