Disse o humorista e cronista italiano Pitigrilli (um dia falo sobre ele) que ópera é aquela arte onde um cara leva uma facada e ao invés de sangrar, ele canta. Não é muito diferente dos filmes musicais, sucesso absurdo nos anos 40 e 50 especialmente devido a MGM. Acontece que musicais são chato pacas de se ver inteiro, então, salvo alguns exemplos abaixo, o que se salvam são algumas cenas que realmente impressionam. Comecemos por aqueles que 90% do filme é ótimo ou bom e são assistíveis de cabo a rabo:
Cantando na Chuva:taí um classicão delicioso, com uma história bárbara sobre a transição do cinema mudo para o falado, elenco de primeiro e cenas fantásticas. Foi a terceira vez aliás, que a música Singin in the rain foi usada num filme (ela era de 1929). De todo o filme, duas cenas me impressionam muito. Moses & Roses, com Gene Kelly e Donald O´Connor aprendendo a falar. E Make them laugh (que o Bozo regravou como Sempre rir) com O´Connor dando um show acrobático. Detalhe, ele fumava 4 maços de cigarro por dia na epoca e foi hospitalizado logo.
Moulin Rouge: Taí o musical reiventado de maneira mais que criativa. Baz Lurhman, que já havia brincado com o gênero em Dança Comigo, pegou uma histórinha chavão (menina "quase" má é prometida para milionário, mas se apaixona por pobretão e morre) e a transformou num espetáculo visual inédito. Além disso, usou como trilha, músicas modernas com roupagem diferente e aí dá-lhe Jim Broadbend cantar uma versão hilária de Like a Virgin, um medley com rocks de Bowie, Kiss, Elton John e muito mais. A cena que acho maravilhosa nesse filme é a versão em tango de Roxanne do Police. A música original era um ode a uma prostitua, mas transportá-la para os bordéis de Buenos Aires foi toque de gênio.
Victor ou Victoria: Blake Edwards, que já nos havia brindado com a série do Inspetor Closeau no cinema e com Um Convidado Bem Trapalhão, montou a comédia musical perfeita. Só o elenco já era matador: Julie Andrews (sua esposa até hoje), James Garner e um ator no ostracismo, Robert Preston, tinham a química perfeita para destilar piadas de altíssimo nível sobre o mundo gay da Paris dos anos 20. Quando assisti no cinema, não se conseguia ouvir o som do final do filme, porque as pessoas estavam chorando de rir. A cena em questão era The Shady Dame from Seville, com Robert Preston fazendo a parte de Andrews. Sempre tive a sensação que a cena não havia sido ensaiada, e no DVD descobri que não foi mesmo. Foi improviso puro.
Blues Brothers: eu vi esse filme no cinema em 1980 com o Tadeu. Marcou tanto que tinha em vídeo e agora em DVD com cenas extendidas. Ray Charles, Aretha Franklin e James Brown abençoam o dia que foram convidados para a película porque fez os caras voltarem ao sucesso. Brown e Aretha, aliás, não sabiam dublar música, então gravaram ao vivo em em cores. É difícil achar uma cena marcante nesse filme (mesmo porque, além da música tem os acidentes de carro), então decidi pegar uma montagem que junta tudo de bom que o filme tem. Só para registrar, a única coisa que se salva da péssima continuação que fizeram em 1998, chamada Blues Brothers 2000 (sim, você leu certo 1998 - 2000) é a jam session com os maiores nomes do blues. O resto é lixo.
Agora as cenas marcantes de filmes nem tanto:
The Cell Block Tango de Chicago: Chicago tem cenas ótimas como o sapateado com Richard Gere no tribunal, mas a música das prisioneiras contando como mataram seus desafetos (homens) é um primor de humor negro, dança e ritmo. Tente entender a letra!
America de West Side Story: Romeu e Julieta transportados para NY, com o WASP (White Angle Saxon Protestant - ou seja, o brancão) se apaixonando pela latina da gangue rival. Misturando estilos diferentes de música e dança (o tradicional versus o moderno jazz do Bebop) o filme tem cenas bárbaras e músicas boas como Maria e I feel pretty (aquela que Adam Sandler canta em Tratamento de Choque). A versão de America que conhecemos é a do chatíssimo Johnny Rivers, mas vendo-a no filme e entendendo sua letra, você vai ver que é uma das críticas mais contundentes ao sistema americano e ao tratamento de imigrantes.
Barn Dance de Sete Noivas para Sete Irmãos: um dos grandes reprisados na sessão da tarde nos anos 80, este é o típico musical besta que diverte pacas. Sete irmãos broncos vivem juntos numa fazenda até que o mais velho se casa e aí todos decidem arrumar esposa. Inspirados pelo rapto das Sibilinas da tragédia grega, eles sequestram suas pretendentes quando a coisa aperta. O que mais se destaca no filme é o duelo do celeiro na festa da comunidade. Sete irmãos, sete noivas e sete concorrentes locais numa disputa incrível de técnica e dança.
Did you Ever de Núpcias de Escândalo: Bing Crosby era o mais popular de todos os cantores americanos até que surgiu Frank Sinatra. É por isso que Crosby disse: "Frank Sinatra é, sem dúvida, o maior cantor do século. Mas ele tinha que nascer no mesmo século que eu?". Os dois foram juntados no filme Núpcias de Escândalo e, apesar de não dançarem, a música e o cinismo dos dois é genial. Em tempo, o filme também tinha Louis Armstrong.
A dança do teto de Núpcias Reais: Gene Kelly era inovação. Fred Astaire era técnica. Aí pegaram Astaire para fazer uma cena inovadora (até para os dias de hoje): dançar pelas paredes e tetos de um quarto. O efeito é genial e você quase não nota o famoso dançarino de equilibrando enquanto o cenário gira. Por curiosidade, você sabia que Astaire foi recusado no primeiro teste que fez porque foi considerado pelo avaliador como um cara muito feio, magro demais e que não sabia cantar e não sabia dançar? Pois é..... para você ver como entrevista de emprego é uma furada faz muito tempo.
A Dança das Horas em Fantasia: o que em encanta nessa cena é que as hipopótamas dançam mais levemente que os avestruzes e crocodilos. Só isso já é bizarro.
Por enquanto é só. Com certeza vão surgir mais cenas memoráveis e posto de novo. Só não me falem em Grease, pelamordedeus.....ê filminho besta!
Cantando na Chuva:taí um classicão delicioso, com uma história bárbara sobre a transição do cinema mudo para o falado, elenco de primeiro e cenas fantásticas. Foi a terceira vez aliás, que a música Singin in the rain foi usada num filme (ela era de 1929). De todo o filme, duas cenas me impressionam muito. Moses & Roses, com Gene Kelly e Donald O´Connor aprendendo a falar. E Make them laugh (que o Bozo regravou como Sempre rir) com O´Connor dando um show acrobático. Detalhe, ele fumava 4 maços de cigarro por dia na epoca e foi hospitalizado logo.
Moulin Rouge: Taí o musical reiventado de maneira mais que criativa. Baz Lurhman, que já havia brincado com o gênero em Dança Comigo, pegou uma histórinha chavão (menina "quase" má é prometida para milionário, mas se apaixona por pobretão e morre) e a transformou num espetáculo visual inédito. Além disso, usou como trilha, músicas modernas com roupagem diferente e aí dá-lhe Jim Broadbend cantar uma versão hilária de Like a Virgin, um medley com rocks de Bowie, Kiss, Elton John e muito mais. A cena que acho maravilhosa nesse filme é a versão em tango de Roxanne do Police. A música original era um ode a uma prostitua, mas transportá-la para os bordéis de Buenos Aires foi toque de gênio.
Victor ou Victoria: Blake Edwards, que já nos havia brindado com a série do Inspetor Closeau no cinema e com Um Convidado Bem Trapalhão, montou a comédia musical perfeita. Só o elenco já era matador: Julie Andrews (sua esposa até hoje), James Garner e um ator no ostracismo, Robert Preston, tinham a química perfeita para destilar piadas de altíssimo nível sobre o mundo gay da Paris dos anos 20. Quando assisti no cinema, não se conseguia ouvir o som do final do filme, porque as pessoas estavam chorando de rir. A cena em questão era The Shady Dame from Seville, com Robert Preston fazendo a parte de Andrews. Sempre tive a sensação que a cena não havia sido ensaiada, e no DVD descobri que não foi mesmo. Foi improviso puro.
Blues Brothers: eu vi esse filme no cinema em 1980 com o Tadeu. Marcou tanto que tinha em vídeo e agora em DVD com cenas extendidas. Ray Charles, Aretha Franklin e James Brown abençoam o dia que foram convidados para a película porque fez os caras voltarem ao sucesso. Brown e Aretha, aliás, não sabiam dublar música, então gravaram ao vivo em em cores. É difícil achar uma cena marcante nesse filme (mesmo porque, além da música tem os acidentes de carro), então decidi pegar uma montagem que junta tudo de bom que o filme tem. Só para registrar, a única coisa que se salva da péssima continuação que fizeram em 1998, chamada Blues Brothers 2000 (sim, você leu certo 1998 - 2000) é a jam session com os maiores nomes do blues. O resto é lixo.
Agora as cenas marcantes de filmes nem tanto:
The Cell Block Tango de Chicago: Chicago tem cenas ótimas como o sapateado com Richard Gere no tribunal, mas a música das prisioneiras contando como mataram seus desafetos (homens) é um primor de humor negro, dança e ritmo. Tente entender a letra!
America de West Side Story: Romeu e Julieta transportados para NY, com o WASP (White Angle Saxon Protestant - ou seja, o brancão) se apaixonando pela latina da gangue rival. Misturando estilos diferentes de música e dança (o tradicional versus o moderno jazz do Bebop) o filme tem cenas bárbaras e músicas boas como Maria e I feel pretty (aquela que Adam Sandler canta em Tratamento de Choque). A versão de America que conhecemos é a do chatíssimo Johnny Rivers, mas vendo-a no filme e entendendo sua letra, você vai ver que é uma das críticas mais contundentes ao sistema americano e ao tratamento de imigrantes.
Barn Dance de Sete Noivas para Sete Irmãos: um dos grandes reprisados na sessão da tarde nos anos 80, este é o típico musical besta que diverte pacas. Sete irmãos broncos vivem juntos numa fazenda até que o mais velho se casa e aí todos decidem arrumar esposa. Inspirados pelo rapto das Sibilinas da tragédia grega, eles sequestram suas pretendentes quando a coisa aperta. O que mais se destaca no filme é o duelo do celeiro na festa da comunidade. Sete irmãos, sete noivas e sete concorrentes locais numa disputa incrível de técnica e dança.
Did you Ever de Núpcias de Escândalo: Bing Crosby era o mais popular de todos os cantores americanos até que surgiu Frank Sinatra. É por isso que Crosby disse: "Frank Sinatra é, sem dúvida, o maior cantor do século. Mas ele tinha que nascer no mesmo século que eu?". Os dois foram juntados no filme Núpcias de Escândalo e, apesar de não dançarem, a música e o cinismo dos dois é genial. Em tempo, o filme também tinha Louis Armstrong.
A dança do teto de Núpcias Reais: Gene Kelly era inovação. Fred Astaire era técnica. Aí pegaram Astaire para fazer uma cena inovadora (até para os dias de hoje): dançar pelas paredes e tetos de um quarto. O efeito é genial e você quase não nota o famoso dançarino de equilibrando enquanto o cenário gira. Por curiosidade, você sabia que Astaire foi recusado no primeiro teste que fez porque foi considerado pelo avaliador como um cara muito feio, magro demais e que não sabia cantar e não sabia dançar? Pois é..... para você ver como entrevista de emprego é uma furada faz muito tempo.
A Dança das Horas em Fantasia: o que em encanta nessa cena é que as hipopótamas dançam mais levemente que os avestruzes e crocodilos. Só isso já é bizarro.
Por enquanto é só. Com certeza vão surgir mais cenas memoráveis e posto de novo. Só não me falem em Grease, pelamordedeus.....ê filminho besta!
4 comentários:
Bela apresentação sobre os musicais, alguns tornaram-se realmente clássicos. Mas aí só tem velharia, heim! Muitos antes de eu nascer. Tá certo que nunca fui muito chegado a musicais, mas qual critério de classificação de um filme, para se tornar musical? Por exemplo, Grease, como vc mencionou, é ou não é? Footloose, Dirty Dancing, Xanadu (com Olivia Newton John... VIXE!!), Amadeus (é musical?). Ao longo do tempo sempre houve alguns 'musicais', e atualmente, recentíssimo, parece que esse tipo tá por cima: High School Musical!! 1, 2 !! e tá saindo o 3 !!!(O Ano da Formatura)!!!!...Será que um dia vai sair o Star Trek Space Musical? Calma, calma, só tô zoando, hehehe...
De novo... "Consiglieri também é cultura"
Realmente uma bela apresentação sobre musicais!!
Até quem não conhece fica por dentro!!
... quanto a Blues Brothers, trilha excelente (só música boa) e a cena de perseguição final é a melhor já feita para o cinema!
vc esqueceu Absolut Beginers. E tô assumindo que não viu Sweeney Todd.
Adorei Claudinho!
E obrigada, me senti lisonjeada! :)
De todos, adoro o Moulin Rouge, por tudo isso que vc mencionou e ainda figurinos e cenários... é genial!
Aproveito pra adicionar à lista o filme "dançando no escuro" com a Bjork no papel de uma cega. De repente vc viu e achou que nem valia à pena mencionar, eheh... É meio cansativo, mas tem cenas interessantes... A música é aquela coisa Bjork mesmo, com as máquinas da fábrica onde a pobre ceguinha trabalhava incansavelmente servindo de base acústica, quase um sampler... bom...
Aproveito tbm pra dizer que sim, vou reescrever o texto sobre sex&the city e te mando. Adorei a idéia de colaborar... hihi!
Valeu queriii... vamos marcar o HH, ok! bjão
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