quinta-feira, 16 de outubro de 2008

STANISLAW PONTE PRETA

O Brasil teve grandes cronistas humorísticos. Tivemos o Barão do Itararé (que não era barão nem nada, mas tinha um humor cáustico - este fica para uma próxima), temos Luis Fernando Veríssimo, mas o grande mestre era Stanislaw Ponte Preta. Pseudônimo de Sérgio Porto, Lalau conseguiu mostrar as mazelas e contradições do Brasil dos anos 50 e 60. Carioca de tudo, era fanático por Copacabana, a ponto de, ao ser convidado para o cargo de adido cultural brasileiro em Londres, tascou, direto, um "eu não me mudo nem para Ipanema...". Aliás, "tascou" é expressão dele. Ele se dizia Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário. Além de marido, pescador, colecionador de discos (só samba do bom e jazz tocado por negro, além de clássicos), ex-atleta, hoje cardíaco. Mania de limpar coisas tais como livros, discos, objetos de metal e cachimbos. Gostava de manipular o leitor com narrativas que vão conduzindo a um determinado ponto, para, de repente trazer uma surpresa ou ainda a falta de um final (e nessas lançava "como, minha senhora?, como se estivesse conversando com o leitor). Também foi um mestre de comparações absurdas como "Mais inchada do que cabeça de botafoguense", "Mais suado do que o marcador de Pelé" ou ainda "Mais feia do que mudança de pobre". O jogo de palavras também era seu forte em frases como "O que seria do doce de côco se não fosse o acento circunflexo".
Criou a família Ponte Preta: Tia Zulmira, Altamirando e Rosamundo e a Pretapress, que nos brindou com o incrível FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País, onde mostrava os absurdos do governo (especialmente o militar) e das celebridades da época, como por exemplo o fato de que em Belo Horizonte, um delegado distribuíu espiões pelas arquibancadas dos estádios. Dali em diante quem dissesse mais de três palavrões ia preso. Em 1954, quando a então poderosa revista Manchete trazia As 10 mais bem vestidas, Lalau criou As 10 mais bem despidas, depois de protestos, mudou para As Certinhas do Lalau, que ganhou até programa de TV. Wilza Carla (na época um avião), Íris Bruzzi e e Norma Bengell entraram nesse rol.
Talvez por um desses acasos do destino, sua filha, Márcia Porto, (na foto, lembra dela?) foi um símbolo sexual dos anos 80, mas acredito que o pai não aprovaria.
Pelo excesso de trabalho e, reza a lenda, por provocar demais os militares, Sérgio Porto faleceu de enfarte em 29 de setembro de 1968, aos 45 anos. Pelo menos não viveu para ver instituído o AI-5. Suas últimas palavras foram para sua mulher: Tunica, tô apagando.
Seus livros foram relançados, mas se quiser uma palhinha, clique aqui. E termino com uma frase dele, MUITO ATUAL:

“No Brasil a imunidade parlamentar existe para muitos poucos deputados. Para a grande maioria o que existe mesmo é a impunidade parlamentar”.

5 comentários:

Marcelo Tadeu disse...

Mais uma aula do vecchio!!... lembro muito bem da Márcia Porto e não tinha idéia do parentesco!?
Agora, "A Velha Contrabandista" tá demais!!!

Anônimo disse...

Esse Consiglieri é um poço de cultura, nada de inútil, pelo contrário!! Não conheço a obra de Sérgio Porto (mesmo a filha), mas sempre ouvi muito falar do Stanislaw Pontepreta, marcou aquela época, e fico satisfeito em ver que muitas preciosidades, como essa, são resgatadas do passado e reapresentadas ao público. Não são esquecidas, ainda bem.

System 24 disse...

GENTE FICO ENPRENCIONADA COM A FALTA DE INFORMAÇÃO DE VCS MARCIA PORTO NÃO É FILHA DO SÉRGIO PORTO ELA É FILHA DO SR NAOMI DE MELLO PORTO

System 24 disse...

POR SINAL UMA PESSOA DE UM BOM CARÁTER POR FAVOR CORRIJAM ISSO ELES NÃO MERECEM

System 24 disse...

Aliás marcia porto continua linda o tempo foi genereso