Postei em certa feita, no meu antigo blog, sobre o desenhista e roteirista de quadrinhos Darwyn Cooke, um dos melhores que surgiu na nova safra (leia meu post aqui). Cooke, graças a seu traço retrô, ganhou a benção do deus das HQs Will Eisner para dar continuidade a um personagem há muito esquecido: The Spirit.
Já que você, provavelmente, não sabe do que estou falando, então vamos lá: Will Eisner foi o Sheakespeare dos quadrinhos. Criou o Spirit na década de 40 (um detetive dado como morto, daí o nome), desenhou manuais para o exército na Guerra da Coréia (tenho um amigo que tem um desses, que ensina como montar e fazer manutenção numa metralhadora) e na década de 80 criou e batizou a Graphic Novel, quadrinhos mais intimistas, mais trabalhados, com melhores roteiros, ou seja narrativas gráficas. Fez algumas maravilhosas como O Edifício, Pequenos Milagres e, o best of the best Um Contrato com Deus. Sua importância é tão grande que virou nome de prêmio nessa arte. Tive a chance de assistir uma palestra dele no MIS em 1986 e ainda por cima conversei com o figura!
Voltando ao Cooke, seu traço é perfeito. Parece que vemos Eisner (já morto) reencarnado no artista. Faltou porém história e ousadia. Porque os enredos originais do personagem, aqueles antigos, eram surreais, agitados, algumas vezes sem pé nem cabeça. O de Darwyn é certinho. Parece uma história do Batman. As vilãs era amorais e mesmo assim você as adorava. Cooke já justifica porque P´Gell, uma das mais famosas sedutoras dos quadrinhos, é má. Faltou a ousadia que Eisner colocava na diagramação das páginas. Quadrinhos que invadiam outros, páginas sem quadrinhos etc. Na nova versão, tudo é bem quadradinho. E ainda, Eisner inseria o nome do SPIRIT naturalmente no primeiro quadrinho. Cooke forçou a barra para fazer isso. Enfim, uma decepção.
Em breve vcê vai ouvir falar MAIS de Spirit, já que outro mestre das HQs, Frank Miller (aquele que renovou Batman, desenhou e co-dirigiu 300 de Esparta etc.) está filmando o personagem aos moldes de Sin City (também sua obra). Aliás, não curti Sin City, o filme. Reproduzir a linguagem dos quadrinhos exatamente igual nas telas, na minha opinião, não funciona. Mas isso é papo para outro post.
Abaixo, o Spirit de EiSner (note que o nome do personagem está caindo na sarjeta), o Spirit de Cooke e o cartaz do filme.
2 comentários:
Se eu não me engano, vc que me apresentou o Spirit de Eisner... Banca Cidade Jardim... estou certo!?
Sobre o Sin City, escolha armas, dia e local.
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