sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O CONSIGLIERI RECOMENDA FILMES COM OLHAR INFANTIL

Desde o clássico dos clássicos, Ladrões de Bicicleta, é comum o cinema alternativo mostrar horrores da vida através do olhar de crianças. Elas não entendem nada do que está acontecendo, continuam aviver como crianças, mas os acontecimentos dos filmes acabam afetando, e muito, suas vidas. Aqui alguns exemplos fantásticos desta linguagem e ótimas escolhas para fim-de-semanas mais profundos:

O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS: incrível filme nacional com direção de Cao Hamburguer, mostra a perseguição política em 1970 através de Mauro, menino que é deixado com o avô no Bom Retiro, pois os pais estão fugindo da repressão do governo militar. O impacto de ser abandonado, somado a estar em uma cidade diferente (ele era de BH), e ainda em meio à colônia judaica de São Paulo e prestes a ver o Brasil brilhar na Copa do Mundo do México, fazem com que o filme mostre as dicotomias da época, sem cair no chororô ou no discurso padrão de esquerda, que tanto povoa nossa Oliúde nacional. E mais, dá para rir muito com certas cenas no filme (como a dos esquerdistas na faculdade torcendo pela Tchecoslováquia e depois vibrando com a virada do Brasil). Está em cartaz no Cinemax, mas é bastante alugável!

MACHUCA: aqui vemos um pouco do que aconteceu no Chile, nos últimos meses do governo Allende e o golpe militar orquestrado por Pinochet. Mais uma vez é o ponto de vista infantil que dá o tom, quando um garoto rico e abastado se envolve com dois irmãos da periferia de Santiago. É mais forte, mais pesado, mas muito interessante por mostrar os vários lados dessa revolução infame (como por exemplo, como o governo Allende destruiu a economia chilena).


ESPERANÇA & GLÓRIA: para mim um dos melhores filmes ingleses já produzidos, dirigido pelo renomado John Boorman. Na realidade o enredo são as reminiscências da infância de Boorman, em meio à segunda guerra. O que uma guerra muda na vida cotidiana das pessoas? Extremamente bem humorado, com atores de primeira, e personagens cativantes (como o avô mal-humorado e sem educação que deu como nome ás filhas, as 4 virtudes que ele nunca teve - Caridade, Glória, Esperança e Graça) é daqueles clássicos que você assiste mais de uma vez. Em tempo, a última cena, "Thank you Adolf!", é hilária!

Kamtchaka: mais uma vez perseguição política e crianças no meio, mas desta vez na repressiva Argentina (onde muito mais gente foi morta e desapareceu sob o jugo militar). A estrela maior do cinema argentino, Ricardo Darín, é um pai, caçado como subversivo, que tem que fugir com a família, tentando chegar à casa de seu pai para deixar suas crianças. Kamtchaka, aliás, é uma região do jogo WAR, que Darin joga (e ganha sempre) com seu filho e acaba virando metáfora a resistência.



Alugue, assista, emocione-se e depois comente aqui!

2 comentários:

Marcelo Tadeu disse...

Não prometo que neste fim de semana, mas vou aplicar e depois comento!

Danï Vaz disse...

De todos, assisti (e me emocionei com) o primeiro. 'Quando os meus pais saíram de férias' retratou fielmente a época: figurino, cenografia, comportamento... cada detalhe me trazia lembranças um tanto esquecidas... as ruas quase vazias, e comparando com os dias de hoje, bem silenciosas... a cozinha da minha avó, a tv (ainda em ascensão) com seus poucos canais... nossa infância (apesar de eu ter chegado aqui um pouquinho depois disso, eheh) foi perfeitamente retratada neste filme... muito bom!
O resto... não vi não. :P
bjo